sábado, 29 de junho de 2013

Afinal, quem agradar?


Dilma anunciou que não irá a final da Copa das Confederações neste domingo no Novo Maracanã!
Gato escaldado tem medo de água fria, certo? As vaias recebidas na abertura ajudaram em muito nesta decisão, afinal a classe média estava toda lá e eles não estão de bom humor com a presidenta...Contextualizar um pouco me ajuda a descrever melhor minha sensação sobre os bastidores dessa rejeição. Lula se elegeu criticando as elites como o grande mau do país. Era a hora dos "trabalhadores" terem a sua chance de governar e mostrar sua força e mudar os rumos do país. Como velho de guerra, amenizou o discurso propondo um pacto com o capitalismo, afinal a classe média rejeitava o socialismo e sem ela sua candidatura nunca chegaria ao poder. Isso atrapalhou, ou pelo menos atrasou, os planos de governo do partido do ex-presidente. Reside nesta dificuldade o grande talento do ex-presidente, mesmo seguindo a doutrina do antecessor, convenceu a todos de que a colheita dos frutos da bonança econômica brasileira eram graças a seu governo que "corrigiu" os malefícios dos governos anteriores.
Na reeleição de Lula e na eleição de Dilma, com certeza notaram que o perfil do seu eleitor era mais numeroso em regiões mais carentes, sendo que nas principais capitais, onde a tendência é de se ter um contigente maior de classe média, o partido do governo não tinha uma ampla vantagem e em alguns casos perdia para a oposição.
Começamos a perceber porque Marilena Chaui "adora" a classe média. Assista: http://www.youtube.com/watch?v=JJpK5mefsdY
Veja que a classe média não se enquadra na classe trabalhadora deste país. Me pergunto que tipo de gente seria a classe média? Terroristas aposentados, reacionários desempregados, um punhado de malandros sem emprego que vive a custa do erário? Ou seriam pessoas comuns, trabalhando para o sustento de sua família ou de seu próprio sustento igualzinho aos demais? 
Existe uma zona ideal de conforto para essas novas elites de esquerda, ter um país com duas classes sociais, a de quem trabalha para continuar onde está e a de quem manda em quem trabalha e chega onde quer. Bem sabemos que de toda a população somente um é presidente, num time de futebol somente um é o técnico e poucos são os craques... A realidade é que não somos todos iguais, o que não exclui que somos iguais em direitos fundamentais. Mas é estarrecedor vermos que por muito tempo se engoliu o enriquecimento ilícito da classe política em troca de um "pacto" pela prosperidade social e econômica.
Agora chega! No fundo creio que a mensagem das ruas seja essa, agora chega!
Marilena, a classe média é uma classe de trabalhadores sim, só que tem acesso a educação de melhor qualidade e agora se irritou e não cai mais em conversa fiada, não fica de amores com a sua filosofia como cordeiros, não é mais uma massa de manobra para vossos delírios de poder.
Dilma vai evitar se deparar com um publico que grita "-Basta de bandalheira, basta de nunca ninguém saber de nada do que acontece debaixo do nariz, basta de enganar a todos com propaganda falsa, basta de ver o dinheiro na suas cuecas ao invés de estarem no SUS e pagando nossa educação!". Deixa o jogo ser jogado, agora tem mais gente em campo presidenta, acorda e deixa suas preferencias pessoais de lado e governa pra quem está nas ruas, para quem deve respostas, e não para os teus "companheiros".



sexta-feira, 28 de junho de 2013

Aurora!

Aurora!
"Aurora era a deusa romana do amanhecer, equivalente à grega EosAurora é a palavra latina para amanhecer. Aurora renovava-se todas as manhãs ao amanhecer e voava pelos céus anunciando a chegada da manhã. Tinha como parentes um irmão, o Sol, e uma irmã, a Lua. Também tinha muitos maridos e quatro filhos, os ventos Norte, Leste, Oeste e Sul, um dos quais foi morto. Um de seus maridos era Tithonus, a quem ela havia inicialmente tomado como amante. Aurora pediu a Júpiter para conceder a imortalidade a Tithonus, no entanto, deixou de pedir-lhe a juventude eterna. Como resultado, Tithonus acabou envelhecendo eternamente."
Essa fabula foi extraída da wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Aurora_(mitologia)
Aqui postarei idéias e pensamentos sobre esse despertar do povo brasileiro. As multidões cantavam na rua "O Brasil acordou!". Assim Aurora foi o nome que escolhi para meu blog, acompanhando o significado mitológico da palavra. Também me encantou a mitologia relacionada, pois desejo que o mesmo não ocorra com essa nova consciência popular. Aurora pecou pela distração de um fator fundamental, o tempo.
Para todos aqueles que despertam, ou seja, ganham consciência de sua condição, existe uma espécie de deslumbramento com esse despertar e por muitas cabeças pode ter ocorrido um monologo parecido com esse:
- Puxa, como eu não percebi isso antes! Eu sempre soube das mazelas políticas, mas nunca achei que fosse tão bacana me envolver num assunto tão espinhoso!
Sim, todos sabíamos e estávamos cansados de assistir tudo pela TV e achar que não nos dizia respeito. Faltava apenas um estopim, o aumento do transporte publico, e o movimento passe livre acendeu esse estopim. O que era um protesto pontual se transformou numa nova era de cidadania.
A espontaneidade sobre o que dizer, protestar, nas passeatas foi resultado da aderência espontânea que as pessoas tiveram quando embarcaram no movimento daqueles que eram contra o aumento das tarifas publicas de transporte coletivo. O que era um protesto sobre o horror das nossas políticas de transporte publico, se tornou o protesto dos horrores de todas as nossa políticas publicas. Muitas eram as pautas e todas merecem ser revistas com urgência devido ao tempo que foi perdido. Talvez umas mais urgentes que outras pois tratam de preservação da vida e de das condições que se tem para viver. Saúde, educação, segurança, corrupção são temas antigos e motivos de muita decepção.
Dentro de todo esse movimento houveram algumas coordenações que resolveram buscar um foco que pudesse ter uma pauta definida a fim de pressionarem de forma pontual algumas mudanças. Nesse ponto o deslumbramento pode ser prejudicial, afinal vale lembrar que estamos tratando com raposas que são espertas demais mesmo quando acuadas. O tipo mais comum de político que temos são pessoas com grande habilidade de liderar conflitos, articular outras lideranças, que conhecem profundamente as fraquezas humanas, são negociadores natos que possuem discurso afinado para manipular o debate a seu próprio favor. Isso sem mencionar o caráter e as intenções. Assim quando buscamos uma pauta, é preciso ter atenção sobre o que realmente queremos a fim de mudar nosso destino. 
Neste caso os exemplos seriam meu calvário. Como descartar um assunto tão importante e que está presente na memória recente de todos e sugerir para priorizar outro que está esquecido ou que não seja tão obvio?
Quando escolhemos um projeto de lei ou uma PEC para ser o alvo de nossas reivindicações, é necessário lembrar que para cada PEC ou projeto em pauta no legislativo existem diversos outros sobre o mesmo tema aguardando a oportunidade de sair da gaveta. Assim sendo, a rejeição da PEC 37 pode abrir caminho para que outro projeto semelhante seja votado assim que a poeira baixar.
Para um movimento tão espontâneo, que realmente é a expressão do povo brasileiro, fica o desafio de amadurecer rápido e assim reivindicar não apenas mudanças pontuais mas sobretudo mudanças profundas no modo de fazer política nesse país. Reformas que assegurem uma verdadeira república para todos.