sábado, 20 de julho de 2013

Um olhar estrangeiro e o populismo messiânico!

Cansado de ler críticas somente de brasileiros, onde muitos acabam por polarizar os males políticos brasileiros entre os dois partidos protagonistas PT e PSDB, fui procurar análises entre nossos vizinhos sul americanos sem esse vício, e na leitura de um texto de um analista econômico peruano sobre as causas dos protestos aqui no Brasil,  me chamou atenção um comentário do blog que transcrevo a seguir, bem como sua tradução livre.

Profesor Parodi, realmente la situación de Brasil esta asi porque sus ultimos gobiernos se basaron en un populismo barato , en un reparto de dinero estatal facil, sin crear empleo ni mejorar los servicios basicos de infraestructura que necesitaba su poblacion. El regalo de los bienes publicos, aunado a una corrupcion generalizada los han llevado a una quiebra presupuestal y como el Pais no esta creciendo lo suficiente ahora se reparte pobreza. Ya Dilma Rousseff anuncio un recorte de gastos de 7000 millones de dolares para el proximo año. Como si fuera poco, la inflacion esta incontrolable en casi 7% y el Banco Central acaba de subir la tasa de interes a 8.5% , la segunda tasa mas alta del mundo.
Si a esto sumamos la corrupcion reinante en el Partido de los Trabajadores (socialista de Lula) la situacion se torna realmente critica y hoy Brasil es una bomba de tiempo. Esta politica populista , deberia ser la voz de alarma para el Gobierno de Humala, sobre todo ahora que se esta creciendo menos, que no hay inversion ni confianza empresarial, pero eso si bastante corrupcion y una leccion para todos nosotros porque un pueblo que elige corruptos no es victima ....sino complice !!!!!.



Professor Parodi, na verdade, a situação no Brasil está assim porque seus últimos governos foram baseadas em populismo barato, em uma divisão fácil do dinheiro do Estado, sem a criação de postos de trabalho ou a melhoria dos serviços de infra-estrutura básicas necessárias a sua população. A dádiva dos bens públicos, juntamente com a corrupção generalizada levaram à falência do orçamento e como o País não está crescendo o suficiente, agora distribui pobreza. Agora Dilma Rousseff anunciou um corte de custos de sete bilhões de dólares para o próximo ano. Para piorar a situação, a inflação é galopante em quase 7% e o Banco Central acabou de elevar a taxa de juros para 8,5%, a segunda taxa mais alta do mundo.
Se somarmos a corrupção que prevalece no Partido dos Trabalhadores (Socialista de Lula), a situação torna-se muito crítica, e hoje o Brasil é uma bomba relógio. Esta política populista, deveria ser o alarme para o governo de Humala, especialmente agora que ele está crescendo menos, que não há investimento nem confiança empresarial, mas há muita corrupção e uma lição para todos nós, porque um povo que elege corruptos não é vítima .... mas cúmplice!.


Achei muito interessante seu texto, muito por ser um olhar estrangeiro em que ele critica o populismo dos últimos governos brasileiros. Provavelmente sabe do que fala pois o populismo é uma praga latino americana. Em paralelo a sua visão sobre o Brasil e preocupado com a situação política peruana, acaba por nos revelar  um ponto de vista sobre os eleitores, peruanos e brasileiros, afirmando que um povo que elege corruptos não é vítima, e sim cúmplice! 
Podemos rebater essa culpa alegando desconhecimento ou ingenuidade na primeira vez que se elege uma quadrilha corrupta, mas não temos mais como fugir se os reelegemos duas vezes!!! Somos muito cúmplices!!!
Mesmo que como indivíduo não se tenha votado nos governos corruptos-populistas, todos somos parte do conjunto de eleitores, e nossos compatriotas somaram uma maioria que embarcou no discurso. Como povo, o brasileiro credenciou a corrupção e o populismo como um efeito colateral tolerável a fim de manter suas conquistas socio-econômicas. Se é deslumbramento, ingenuidade, conformismo ou cumplicidade, ou tudo junto, eu cada vez mais me convenço da nossa imensa imaturidade democrática. 
Não pretendo isentar ninguém, mas seria importante entender que grandes setores de nossa sociedade ainda devotam ao mito Lula uma aura de santidade. No fim, vale tudo, se fingir de cego, surdo e mudo frente aos escândalos infindáveis e ainda assim possuir uma popularidade carismática que lhe perdoa qualquer tipo de pecado. Vale tudo para vencer o mal, os tucanos "neoliberais", a mídia não comprometida com o projeto de poder, a resistência da classe média mais esclarecida (reacionários liberais) e qualquer outro inimigo, e para ser um inimigo da causa, basta não ser um companheiro (ou camarada) ou ser acusado por eles de ser "das elite".
É só lembrarmos que por muitos seguidores do lulismo, o Mensalão nada mais foi do que uma invenção das elites ou uma conspiração da oposição. Chegamos a ser chamados de estúpidos pelos militantes por reclamar do descaso com a educação e o sucateamento da saúde pública, pois qual era a responsabilidade do Lula? Nenhuma, pois tudo se deve a uma herança maldita do Fernando Henrique, e mesmo que o Lula governe por mais uma década, continuará a ser. A certeza da santidade de Lula era tanta que Marta Suplicy afirmou que Lula não era nada menos que um deus (minúsculo mesmo) durante a campanha para a prefeitura de São Paulo. "Nenhum pecado pode ser atribuído ao messias que veio nos governar para nos trazer todas as bênçãos que nos anunciou". Nem a profusão de escândalos durante seu governo, e agora durante o governo de sua marionete, era suficiente para detonar sua popularidade. Ou o povo estava sob hipnose coletiva ou aderiu a causa lulista mesmo sabendo de seus gigantes desvios de conduta. Houve de tudo, corrupção aos borbotões, descaso com meio ambiente, os sanguessugas da saúde, da educação, dos sindicatos, bancos e até os dossiês falsos (dos aloprados) para ajudar na idéia de que se todos estavam no mar de lama da corrupção, inclusive os adversários do PSDB, era melhor ficar com os ladrões amigos, que ajudam ao povo a garantir seu pedacinho de dignidade. Dignidade?!? Existe dignidade nisto, ser manobrado como um bando?
O velho ditado, "quem nunca comeu melado, quando come se lambuza", se aplica tanto a todos os tipos de deslumbrados, como também às novas elites populistas. Os primeiros por serem conformados com o pouco que lhes coube e terem medo de eleger outro modelo de governo que lhes tolha a capacidade de consumir bens e serviços. Os segundos por terem ido com tanta sede ao pote que acabaram se melando de forma tão grosseira que fizeram muitos dos deslumbrados, e até mesmo os ingênuos, a acordarem de seu encantamento conformista.
Aos que se sentem felizes por terem deixado a miséria para compor uma classe de cidadania, apenas digo que melhor seria que seguissem o conselho de Lula no New York Times, queiram sempre mais. Não se contentem com um papai malandro com cara de bonzinho que deixa uma mesada pra comprar pirulito, queiram muito mais!! 
Precisamos de políticos mais comprometidos com o desenvolvimento deste país, com o crescimento econômico e com o amadurecimento de nossas instituições republicanas. Precisamos de muito mais!!
O populismo é arcaico, se define por um líder carismático que acaba por perpetuar a estratégia romana de pão e circo, é oportunista e pensa no curto prazo, pois seus líderes precisam se dar bem a fim de garantir os recursos para se manterem no poder e também obter uma poupança para uma possível debandada. Depois de Getulio Vargas, um populista bem sucedido, considerado o pai dos pobres, muitos mantiveram esse discurso a fim de se colocarem à parte de qualquer estrato social.  Mas se antes o acesso a informação era mais difícil e controlado, e cair na falácia era provável, hoje a internet acelerou a disseminação das informações, e agora a falácia pode ser descortinada na velocidade das fotos e filmes dos celulares espalhados pelas ruas, escolas e hospitais. As denúncias são igualmente espalhadas pelas redes sociais, e mesmo contestadas, mostram realidades diferentes da propaganda. A parte de tudo isso, o populismo sobreviveu até o momento em que o inconformismo foi crescendo até eclodir no grito das ruas deste junho.
Mas ainda não vencemos o populismo, ele está presente no lulismo, vimos que no lulismo a figura de pai transcende para a de santo (=separado) protetor e como tal isento de pecados. Quem peca sempre é o partido 'dele', seus amigos, parentes, mas nunca ele. Vemos seus colaboradores mais íntimos assumindo a bronca para deixar o "santo" realmente separado de seus pecados. Uma heresia! Um modelo populista que parece ser ungido pelas massas que lhe conferiram uma carta branca para se apropriar dos bens do Estado para proveito próprio, como se estes estivessem no quintal das casas deles.
Não menos ruim, assistimos boa parte de nossos partidos políticos se venderem para conseguir benefícios junto ao poder vigente, o que demonstra o caráter populista aproveitador dos mesmos, pois jamais levaram em conta seu próprio conteúdo dogmático aderindo ao poder mesmo que tenham visões políticas antagônicas (quando as tem). Assim nossa realidade democrática possui de um lado, partidos de aluguel a disposição de qualquer líder carismático do momento e de outro, líderes carismáticos esperando sua oportunidade de surfar na onda do momento. Nossa política esteve a mercê de um populismo messiânico até o momento. E essa conta vai sair cara para restagarmos. Resta-nos saber se a maioria acordou do transe, e as vestes celestinas do lobo já não escondem mais seus pelos. Resta-nos rezar para que o basta estrondoso das ruas ecoe por tempo suficiente para evitar novas investidas destes, e dos demais, predadores a espreita.





quinta-feira, 18 de julho de 2013

Arnaldo Jabor: A insustentável herança maldita


Sou fã da eloquência, como se estivesse contando uma estória num gostoso bate papo de fim de tarde...
Também concordei com o ponto de vista dele no artigo. Nossa democracia messiânica...
ARNALDO JABOR - O Estado de S.Paulo 16/07/13
O que aconteceu com esse governo foi mais um equívoco na história das trapalhadas que a esquerda leninista comete sempre, agora dentro do PT. O fracasso é o grande orgulho dos revolucionários masoquistas. Pelo fracasso constrói-se uma espécie de 'martírio enobrecedor', já que socialismo hoje é impossível. Erraram com tanta obviedade (no mensalão por exemplo ou no escândalo dos 'aloprados'), com tanto desprezo pelas evidências de perigo, tanta subestimação do inimigo, que a única explicação é o desejo de serem flagrados. Sem contar o sentimento de superioridade que se arrogaram sobre nós, os 'alienados burgueses neoliberais'.
Conheço a turminha que está no poder hoje, desde os idos de 1963, e adivinhava o que estava por vir. Conheci muitos, de perto.
Nos meus 20 anos, era impossível não ser 'de esquerda'. Nós queríamos ser como os homens heroicos que conquistaram Cuba, os longos cabelos de Camilo Cienfuegos, o charuto do Guevara, a 'pachanga' dançada na chuva linda do dia em que entraram em Havana, exaustos, barbados, com fuzis na mão e embriagados de vitória.
A genialidade de Marx me fascinava. Um companheiro me disse uma vez: "Marx estudou economia, história e filosofia e, um dia, sentou na mesa e escreveu um programa racional para reorganizar a humanidade". Era a invencível beleza da Razão, o poder das ideias 'justas', que me estimulava a largar qualquer profissão 'burguesa'. Meu avô dizia: "Cuidado, Arnaldinho, os comunistas se acham médiuns, aquilo parece tenda espírita...". Eu não liguei e fui para os 'aparelhos', as reuniões de 'base' e, para meu desespero, me decepcionei.
Em vez do charme infinito dos cubanos, comecei a ver o erro, plantado em duas raízes: ou o erro de uma patética organização estratégica que nunca se completava e, a 'margarida que apareceu' agora com todo esplendor: a Incompetência (com 'i' maiúsculo), a mais granítica, imaculada incompetência que vi na vida. Por quê? Porque a incompetência do comuna típico é o despreparo sem dúvidas, é a burrice alçada à condição de certeza absoluta. É um ridículo silogismo: "Eu sou a favor do bem, logo não posso errar e, logo, não preciso estudar nem pesquisar". Por que essa incompetência larvar, no DNA do comuna? Porque eles não lutam pelo 'governo' de algo; lutam pelo poder de um futuro que não conhecem. O paradoxo é que odeiam o que têm de governar: um país capitalista. Como pode um comuna administrar o capitalismo? O velho stalinista Marcos Stokol confessou outro dia no jornal: "O PT entrou no governo porque queremos mudar o Estado". Todos os erros e burrices que eu via na UNE e nas reuniões do PC eram de arrepiar os cabelos. Eu pensei horrorizado quando vi o PT no poder: vão fornicar tudo. Fornicaram.
E olhem que estou me referindo apenas ao 'rationale' básico, psicológico, de uma 'boa consciência' incompetente que professam. Sem mencionar a roubalheira justificada pela ideologia - "desapropriar os bens da burguesia para nossos fins". A fome de uma porcada magra invadindo o batatal - isso eu não esperava.
Como era fácil viver segundo os escassos 'sentimentos' catalogados pelos comunas: ou o companheiro estava sendo 'aventureiro' ou 'provocador' ou então era 'oportunista, hesitante, pequeno-burguês' ou sectário ou 'obreirista' ou sei lá o quê. Era fácil viver; ignorávamos os ignorantes, os neuróticos, os paranoicos, os psicopatas, os burros e os sempre presentes filhos da p... Nas reuniões e assembleias, surgia sempre a voz rombuda da burrice. Aliás, burrice tem sido muito subestimada nas análises históricas. No entanto, ela é presença obrigatória, a convidada de honra: a burrice sólida, marmórea. Vivíamos assediados por lugares-comuns. O imperialismo era a 'contradição principal' de tudo (vejam o ardor com que condenaram a 'invasão americana' de nossos segredos de Estado há pouco. Quais? Quanto a Delta levou, onde está o Lula?). As discussões intermináveis, os diagnósticos mal lidos da Academia da URSS sempre despencavam, esfarinhavam-se diante do enigma eterno: "O que fazer?". E ninguém sabia.
E veio a sucessão de derrotas. Derrota em 64, derrota em 68, derrota na luta armada, derrotas sem-fim.
Até que surgiu, nos anos 70, uma homem novo: Lula, diante de um mar de metalúrgicos no ABC. Aí, começou a romaria em volta da súbita aparição do messias operário, o ungido. Lula foi envolvido num novelo de ideologias e dogmas dos comunas desempregados, desfigurando de saída o que seria o PT.
Quando comecei a criticar o PT e o Lula, 'petralhas' me acusaram de ser de direita, udenista contra operários. Não era nada disso; era o pavor, o medo de que a velha incompetência administrativa e política do 'janguismo' se repetisse no Brasil, que tinha sido saneado pelo governo de FHC. Não deu outra. O retrocesso foi terrível porque estava tudo pronto para a modernização do País; mas o avião foi detido na hora da decolagem. Hoje, vemos mais uma 'revolução' fracassada; não uma revolução com armas ou com o povo, mas uma revolução feita de malas pretas, de dinheiro subtraído de estatais, da desmoralização das instituições republicanas. Hoje, vemos o final dessa epopeia burra, vemos que a estratégia de Dirceu e seus comparsas era a tomada do poder pelo apodrecimento das instituições burguesas, uma espécie de 'gramscianismo pela corrupção' ou talvez um 'stalinismo de resultados'.
O perigo é que os intelectuais catequizados ainda pensam: "O PT desmoralizado ainda é um mal menor que o inimigo principal - os tucanos neoliberais".
Como escreveu minha filha Juliana Jabor, mestra em antropologia, "ajudado por intelectuais fiéis, Lula poderá se apropriar da situação com seu carisma inabalável, para ocupar a 'função paterna' que está vaga desde o fim do seu governo. Pode ser eleito de novo e a multidão se transformará, aí sim, em 'massa'. O 'movimento' perderá o seu caráter de produção de subjetividades e se transformará numa massa guiada por um líder populista".

domingo, 14 de julho de 2013

‘Meio médico, meio escravo’, um texto de Fernando Reinach

Esconder a incompetencia da gestão da saúde publica, jogando a conta pra cima dos médicos foi estúpido e rasteiro. Já li blogs reclamando da rejeição dos médicos em trabalhar fora dos grandes centros. Ser médico é uma atividade profissional ou me engano? Que absurdo estamos vivendo, onde as liberdades individuais são tratadas tão banalmente?
Ainda bem que alguns médicos, mesmo que motivados pelas suas crenças profissionais, estão enfim colocando a discussão em pauta. Digo isso não porque não concorde com os protestos dos médicos, mas sim porque o que querem fazer no ato médico não diz respeito somente a classe médica, mas a todos nós que prezamos nossa liberdade de decidir nosso destino.
A China lançou o capitalismo de estado socialista, agora querem inovar com uma ditadura democrática... Que frankenstein político é esse? Votam cerceando liberdades como se fosse algo natural e obvio. E pior que é um congresso eleito pelo voto direto. Que país é esse?

Leiam este texto no blog do Augusto Nunes e reflitam sobre isso...

‘Meio médico, meio escravo’, um texto de Fernando Reinach

sábado, 13 de julho de 2013

Eu quero muito mais, e você?

Estive estudando tudo que pesquisei sobre política desde o fim dos governos militares. Infelizmente somos obrigados a olhar para trás para entender melhor o que acontece hoje quando não temos domínio sobre algum tema dinâmico como política e sociedade. Porém isso não impede ninguém de possuir espírito critico, ainda mais sobre assuntos notoriamente perniciosos.
Todo o movimento popular recente mostra que esse espírito critico aflorou, e por mais que estejam quase todos em suas casas esperando para ver o que será feito, sabemos que os olhos não estão mais vendados, as bocas não estão caladas e essa força permanece nos teclados (ou nas canetas) daqueles que se dispõe a publicar o que pensam. Vejo colunas e blogs cada vez mais lúcidos, críticos mais ousados e pessoas comentando com mais ênfase suas idéias e decepções.
No meio desta nova onda, muitos radicalizam por não aceitarem mudar de opinião, parece que existe um certo temor, como se fossem mudar de time de coração, um verdadeiro rebuliço entre os colegas e amigos. Mas mudar de opinião na política não deve seguir esse padrão, mudança de opinião geralmente acontece quando descobrimos fatos graves ou constatamos as verdadeiras consequências de políticas que se mostram equivocadas, ou mais grave ainda, eram pura falácia em que acreditava-se com fervor. Assim mudar nosso ponto de vista mostra um melhor nível de consciência. 
Este espírito critico, que estou feliz em ver atuando em muitos, deveria se tornar nosso dia a dia, nosso padrão como sociedade, pois esse é o verdadeiro espírito democrático, a pluralidade de idéias em favor da formação de uma convivência mais equilibrada. Como um 'brainstorming' para aproveitar a força criativa numa campanha publicitária a fim de se chegar numa idéia que se encaixe melhor aos desejos do cliente, o debate, a crítica, o protesto seriam como o mesmo 'brainstorming' para que formemos uma sociedade mais próxima de nós mesmos e não tão distante como ela se encontra agora.
Se chegamos ao ponto de descobrir que temos uma democracia, mas não temos uma república, um país com suas instituições sólidas, e que esteja decentemente cuidando de seus cidadãos, foi muito por culpa nossa, deixamos nossos líderes messiânicos se apropriarem do estado brasileiro, se aproveitaram do silêncio das ruas. Concordo que nada se deve a um fator apenas, temos a contribuição da fraca atuação do nosso judiciário, atravancado e arcaico, do recolhimento dos nossos militares após a ditadura e também do fato de que nossa mídia procura notícias frescas e tem memória curta, quase sempre deixando que escândalos não sejam cobrados até seu fim. O caso do Mensalão foi uma feliz exceção, mas quantos outros estão abandonados? Cito o caso recente do Rosegate e o silencio do chefe da quadrilha a mais de 200 dias. Por muito menos Collor foi eleito o judas de toda a imprensa na época, e agora temos um elemento bem pior para expor e vejo somente uma única revista disposta a persistir na missão de desmascarar esse quadrilheiro. Muito pouco.
Me custa acreditar que todos engolimos tudo o que passamos em matéria de corrupção, desgoverno, falta de caráter, mentiras e muito mais, devido a popularidade messiânica deste mito, que foi criado somente para que tenhamos mais vergonha ainda da nossa própria cegueira, da nossa própria inércia, da nossa própria falta de iniciativa de ir contra a corrente. Fomos míopes demais se acreditamos que somente existia uma única alternativa. Mesmo quem acreditou no início, não percebeu que o discurso que elegeu esta quadrilha foi abandonado e não se cumpriu quase nada a não ser criar renda para os miseráveis? Mas e o resto? E depois disso? E qual o custo disso, não em moeda, mas em destruição das demais instituições deste país, como os serviços de saúde, educação, portos, estradas, florestas, transportes, um congresso escravo, um judiciário paralisado, uma inflação que cresce e todas as mazelas que agora estão expostas.
Mas tudo que agora se percebe que está errado não sai da cartola de nenhum mágico, já estava aí em degradação já faz algum tempo...
Pelo que pude visualizar desde a eleição de Collor, estamos vivendo uma democracia messiânica, pois não temos partidos de verdade, nem ideologias de verdade, somente uma falsa dicotomia entre esquerda e direita para disfarçar um modelo eleitoral baseado em nomes, pessoas em que depositamos nossas esperanças. Devido a este modelo estamos colhendo muitas frustrações, estas apostas são muito arriscadas e salvo alguns benefícios específicos como o fim da inflação com Itamar e Fernando Henrique e a inclusão social paternalista e ineficiente de Lula, não temos projetos de reformas amplas, que melhorem as mazelas de um estado inchado, corrupto e inepto. Estamos sempre dependentes dos conchavos entre executivo e legislativo e esperando que se sobressaia um nome que nos salve deste inferno.
Até quando ficaremos calados, sem exigir muito mais de nossos políticos e se contentar com tão pouco retorno? Quem idolatra líderes medíocres como Lula, acredita numa realidade de que qualquer esmola vinda de Brasília é um tesouro a ser comemorado. Isso é pobreza de espírito e muita, mas muita, falta de espírito critico.
Eu quero muito mais do que nos foi oferecido até agora, e você, o que quer?

sexta-feira, 12 de julho de 2013

A pedra no escarpim de Dilma

Este blog não se trata de exaltar o seu autor, mas simplesmente ser um modo de colocar lenha na fogueira dos debates sobre política e sociedade. Textos de outros blogueiros e colunistas que provoquem este debate farão parte deste blog. Como estou aprendendo e desenvolvendo habilidades para escrever, farei questão de postar textos que me inspiram.
Estou postando um texto que considero brilhante, de autoria da colunista Ruth de Aquino da revista Época. 
Boa leitura!


Lula versus Dilma
Há uma pedra barbuda no escarpim de Dilma Rousseff, furando a meia-calça. Lula é seu nome. O maior líder popular do Brasil sumiu, escafedeu-se, silenciou sua voz rouca, justamente nas semanas em que o povo acordou da letargia para protestar contra uma herança maldita. Por que se calou o grilo falante em todas as celebrações de conquistas no país e no exterior? Só aparece na boa?
Por que Lula finge que nada é com ele? Por que o criador evitou apoiar a criatura no auge da crise? Por que ficou mudo e invisível, quando a turba se insurgiu, e brasileiros de todas as idades passaram a falar, gritar, discutir e analisar, mesmo aos tropeços e sob o risco de errar?
O Lula que se metamorfoseou em oito anos de mandato e rasgou a bandeira da ética na política... O Lula que suspendeu suas férias para defender o ex-presidente do Senado sob o argumento de que “Sarney não pode ser julgado como homem comum”... O Lula que se locupletou com o corrupto-mor Maluf para eleger Haddad, “o novo”... O Lula que se uniu “aos picaretas do Congresso”... O Lula que quis reeditar a CPMF, uma taxa que antes chamava de extorsão... Esse Lula não põe seu bloco na rua numa hora dessas? 
Por lealdade, deveria ter dado o braço a Dilma. Afinal, ela chefiava sua Casa Civil e só concordou em disputar a Presidência porque, sem Dirceu nem Palocci, Lula impôs seu nome.
A técnica Dilma, a gerentona, a ex-guerrilheira, talvez um dia escreva um livro sobre sua relação com Lula. Por mais responsável que seja, como presidente, pela explosão da insatisfação no Brasil, Dilma sabe bem quem a colocou nessa roubada de “mãe do PAC”. Sabe que recebeu uma herança de corrupção, impunidade, abuso de poder, desvio de verba pública, falta de representatividade dos partidos, péssima qualidade de serviços essenciais, impostos absurdos, altos salários e mordomias dos burocratas dos Três Poderes, cinismo e oportunismo de governadores e prefeitos. O Brasil já era assim quando ela foi eleita. 
O Lula presidente se lamentava da “herança maldita” de Fernando Henrique Cardoso. Dilma não pode dizer nada nem parecido. Lula teve oito anos para mudar o caráter do Brasil para melhor. Tinha tudo. Tinha uma história de defesa da liberdade e dos direitos humanos, tinha credibilidade e a legitimidade do voto, tinha nas mãos a esperança de tantos jovens aglutinados pela estrela do PT. E por tantas bandeiras no ar. A ética. A educação e a saúde de qualidade ao alcance de todos. As creches, o transporte de massa. Mas Lula achou que o Bolsa Família seria suficiente.
Os jovens que protestam agora, em paz ou com raiva, mal chegavam aos 10 anos de idade quando a eleição de Lula emocionou o Brasil. A geração YouTube deveria rever a bela cerimônia em que FHC passou o poder a Lula. Se, na última década, a oposição fracassou com a juventude, imagine a autocrítica do PT. Um partido que inchou com siglas infiltradas e perdeu companheiros de raiz. Uns saíram por racha ideológico, outros por convicção de que nada mudaria na essência, e outros ainda porque foram processados, cassados e condenados.
Os jovens brasileiros de 16 a 18 anos, para quem o voto é facultativo, se afastaram das urnas e, até umas semanas atrás, pareciam alienados. Eles não acreditam nos partidos. Quem de bom-senso ainda acredita, a não ser os que ganham o pão – e os dólares – com a política partidária? Por isso a ideia de candidatura avulsa, endossada pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, ganha força. Joaquim defendeu um “recall” nacional dos políticos. Já pensou se os eleitores passam a ter o direito de revogar mandatos e de expulsar políticos de cargos? Renan continua com aquele sorrisinho pregado no rosto em todas as fotos. Até quando, Calheiros? 
Na semana passada, Dilma virou a Geni. Tudo que disse e desdisse levou pedra de aliados e oposicionistas. Uns vândalos. Constituinte, plebiscito, referendo, pactos, apelos, nada pegou bem, nem com a maquiagem e o penteado que custaram R$ 3.125. A presidente está isolada por seus pares e ímpares. Sua sorte é que, até agora, não há líderes oposicionistas com discurso consistente para o futuro do país. Aécio Neves converteu-se a uma pálida sombra do que poderia ser. Marina Silva virou uma analista em cima do muro, com o aposto de “evangélica”. Eduardo Campos desistiu do combate às claras e age nos bastidores à espera de uma derrapagem fatal.
E Lula... Bem, Lula recebeu alguns jovens em seu instituto. A aliados, diz-se que acusou Dilma de cometer “barbeiragens” na articulação e na resposta à nação. Lula é hoje a pedra mais incômoda no sapato alto da presidente.  
Ruth de Aquino em 03/07/13 - Colunista da Revista Época.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Marcelo Madureira sem piadas.

Vou postar videos interessantes para que possam avaliar alguns personagens em suas colocações.


Para quem acredita que comediantes não levam nada a sério, Madureira se coloca de forma incisiva no Manhatan Connection... Até sendo desfavorável a ex-jogadores (como Romario), ex-pagodeiros, etc serem políticos...

Os fins justificam os meios?


Tenho lido muitos blogs onde criticam o PT, e nos comentários, os 'companheiros' defendem. Natural. Se houvesse um desabafo sobre outros partidos e suas desventuras, haveria quem defendesse, muito provável…
O que preocupa é que estas defesas estão, invariavelmente, tendendo a polarizar entre ser o partido do governo federal bom ou mal. 
“-Não somos o mal, fizemos muitas coisas boas ao país, enquanto do outro lado...".
Vamos todos olhar para o lado, e nunca mais questionar as intenções, e muito menos questionar os caminhos escolhidos pelo PT para se chegar aos resultados por eles esperados. Me espanta ver como somos levados a acreditar que existe o bem, e ele está no poder, e o mal, que insiste em querer tirar o bem do poder.
O discurso diversionista estudado pelos marketeiros do partido já fazem parte do cotidiano dos seus militantes e fans. Sim, desculpas que nunca explicam nada, somente mostram os defeitos dos outros. Enquanto os governantes falam da herança maldita, o resto usa sua língua para acusar as "elites", a classe média, a direita, etc. pelos males do país. Mesmo agora que o povo acordou da fantasia da propaganda e viu a realidade de penúria dos nossos serviços públicos fundamentais, continuo a ver muitos querendo jogar a culpa ao passado e aos outros partidos. Mas agora depois de 10 anos, não cola mais acusar o antecessor do outro partido (sim, nunca fomos um exemplo antes), mas o que está aí pertence a herança dos governos Lula e Dilma. Sem dúvida o povo percebeu que a realidade está distante do discurso e que a inclusão social não basta. Foi, e continua sendo, importante o combate a miséria, a fome e as demais formas de inclusão social, mas depois que elas apresentam o consumo a quem nunca consumiu bens, outras necessidades e anseios precisam ser satisfeitas. Quando todos acordaram e perceberam que o péssimo atendimento de transporte não era local, mas sim geral (outros municípios e estados) começaram a perceber que o país não estava tão bem como propagado.
Mas essa tática persiste, e mesmo agora tentam sempre se colocar acima do bem e do mal, se colocando até acima de qualquer debate. É quase uma forma de dizer que os fins justificam os meios e que os únicos fins que importam são os deles próprios. Isso é triste. No fim ficam os meios atuais se perpetuando por não termos uma resposta ao debate principal: São estes meios, e estes fins, que queremos todos nós?
Vejam esse trecho da Wikipedia: "Comumente escuta-se que o fim justifica os meios numa alusão de que "certos" fins podem, ou devem, ser alcançados através de métodos não convencionais, ou anti-éticos, ou violentos. Este conceito é utilizado com freqüência numa tentativa de minimizar os meios violentos utilizados na guerra, na justificativa de leis severas e repressões impostas a grupos sociais ou religiosos ou étnicos..."
Percebem o perigo? A ditadura militar que a esquerda tanto detesta utilizou-se muito deste 'maquiavelismo' para justificar sua repressão. Maquiavel nunca citou tal frase, mas ela se tornou sua tradução. Veja na integra:

Não desejo me aprofundar nesta questão filosófica, mas aproveitar seu viés político.
Ao polarizar, e jogar pedras nos telhados alheios, toda vez que jogam pedras no telhado petista, a discussão tende a se acalorar em disputas de valor e nunca acabam, pois valores nunca são uma discussão objetiva. Essa tática é perfeita para se fugir da discussão objetiva e nos levar a cair no vazio do debate retórico onde ninguém convence ninguém de nada. Olha que ótimo!
Também podemos cair noutra armadilha onde o debate vira a página e abre um gancho para o passado… Bom, temos que ter referencias históricas, mas se elas se tornam o foco, e o debate cai na retórica do "coitadinho", onde se pretende criar um sentimento de culpa em todos, por sermos todos vitimas do passado. Aqui também não pretendo me prender sobre o tema da repressão, ditadura, etc. Apenas cito que a caímos na armadilha de nos reduzirmos a vala comum das vítimas e assumir uma vergonha que não é nossa, perdendo a força da convicção.
Mas tenhamos coragem sim de debater sobre o desempenho do partido que está na vitrine. Mas porque perseguem tanto o PT? Bom, este partido detém o poder executivo do país já há muitos anos e comanda o orçamento federal (muito $$$). Depois de 2 reeleições, certamente tiveram tempo para influenciar positiva ou negativamente em todas as esferas de governo (federal, estadual e municipal). Se houveram benefícios a serem bradados, tenham certeza de que existe uma grande lista de fracassos escancarados. Muitos estão na rua falando destes fracassos, para todos os políticos, mas engana-se quem acha que o para todos exclui o PT… Ora, o povo acusa a sua decepção de forma difusa, mas seria infantil achar que o protesto é só para os outros. Temos o exemplo na Bahia, onde um grupo com bandeiras do partido estava cantando seu coro e logo atrás o publico se colocou de forma bem diferente... Assistam:  http://www.youtube.com/watch?v=FDyZxaXWa8Q

O partido que está na vitrine (escândalos e má gestão) é o PT, então porque não colocar este partido no foco do debate se ele mesmo é a bola da vez?
Sim, outras gestões erraram, mas é o futuro é que está em pauta, não o passado! Quem está no poder e pode alterar o cenário atual e melhorar o futuro é o atual governo. Punir administrativamente os corruptos, melhorar a gestão dos investimentos em educação, na saúde, pedir maior verba para estas áreas no congresso, etc, são exemplos de ações que podem ter início no curto prazo, ou seja, o governo do PT é a bola da vez. A critica se dirige muito a quem tem este poder e não faz bom uso dele.
Esperem, não basta dizer que outros partidos fazem uso da corrupção… Não se justificar pelos outros seria um bom começoSem defender outra bandeira, pois bem conheço os defeitos da nossa realidade política, não adianta defendermos ideologias umas contra as outras, temos que ter maturidade de debater o que queremos de verdade para nosso FUTURO! Ou vamos estar presos a uma realidade de que o meio, corrupto (exageradamente corrupto), se justifica para qualquer fim, seja este fim o desejado pelo PT, ou PSB, ou DEM, ou PSDB, etc... 
Se temos um partido na vitrine e com culpa no cartório, natural que o mesmo seja alvo de criticas, principalmente quando insiste em manter uma cúpula corrupta comandando seus quadros nacionais. Se ainda assim, se acredita no modelo atual do deste partido, assuma o slogam -Roubamos, mas fazemos! 
Ops! Acho que este slogam já tem dono… E antigo… Mas são todos amigos, não? Se seguem a mesma cartilha, no mínimo bebem da mesma fonte...
Que falta de vergonha, e ainda sou obrigado a votar, a ver propaganda mentirosa, a ver bandido se justificando por outro (um presidente achar caixa 2 normal???) e por aí vai a ladainha.
Pelo menos me resta a voz das ruas ecoando em minha mente, e por mais que demore, tenho certeza que meus filhos terão melhores opções para votar. Por enquanto o osso está duro de roer em qualquer lado que se morda.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Onde está Sassá Mutema?

Pesquiso notícias e blogs sobre política e não tenho visto nosso "salvador da pátria" em nenhum momento de glória! Onde está Sassá Mutema? Melhor, onde está o Sr. Luiz Inácio Sassá Mutema da Silva agora que as ruas pegaram fogo? Será que existe alguma grandeza de alma política neste mito criado? Onde está o "salvador da pátria" agora que a base que sustentava sua mitificação está rolando ladeira abaixo sob a batuta de Dilma e Guido Mantega? Resta alguma dúvida sobre porque Lula tinha tamanha popularidade? Vimos  a queda de popularidade sofrida por Dilma no fim deste junho, mas sem dúvida foi o despertador que tocou e o povo percebeu que estava sonhando junto com a propaganda e não vivendo a dura realidade da herança maldita que se vive devido a inércia destas gestões populistas. O consumismo foi incentivado criando uma sensação de cidadania numa população carente de qualquer acesso a mesma. A propaganda falava direto a estes. "Nunca antes neste país!" e assim o povo vivia a festa mas não sabia da sujeira que encontraria no final para ser limpa. Quando a inflação e a estagnação econômica tiraram o povo deste transe, encontraram um fim de festa de amargar... Saúde em frangalhos, educação em cacarecos, sem falar na falta de transporte suficiente. Adicionaram um tempero ardido neste caldeirão, a corrupção deslavada que o governo federal tolera a fim de satisfazer os bolsos de sua base de apoio no congresso, e claro, seus próprios bolsos também. Essa mistura servida pelas ruas foi tão indigesta e causou uma dor de cabeça tão forte aos nosso legisladores e governantes que parecem todos baratas tontas sem rumo, e pior sem nenhum buraco para onde correr. Foi vergonhoso ver nossa presidente ter sua proposta ser rejeitada em 24hs por total falta de condições, jurídica e temporal, de ser considerada.
Dilma não tem o tamanho do cargo que ocupa, realmente é uma gerente (das piores) e não uma presidente. Seu padrinho, do qual herdou o cargo embarcada na popularidade, não deu as caras ainda para apoiar sua pupila.
Me resta a sensação de que vivemos uma novela sem um final feliz e sem mocinhos e mocinhas para nos ajudar. O Sassa Mutema foi uma obra de ficção, em genero, número e grau. A fantasia Lula também. Nunca houve um projeto de país, somente um projeto de poder. A ficção desta festa de consumo e cidadania oferecida aos esquecidos dissolveu-se assim que enxergou-se seu legado. Mas estes esquecidos foram lembrados apenas devido ao seu enorme contigente eleitoral e não por uma preocupação de remove-los da sua penúria social de forma perene.
Porém, estejamos atentos, a raposa sempre encontra um jeito de invadir um galinheiro bem cercado, assim como o hábil oportunista pode vir a reacender seu mito junto aos menos avisados.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

"Re"postando!

Eu estava fazendo uma pesquisa para um post próprio sobre o caso dos médicos importados, contudo achei esta carta no Blog abaixo - alerta total- que reproduzo abaixo na íntegra. Condensa e expressa a nossa indignação quanto aos desmandos, descalabros e deboches quanto a gestão de nossa saúde! 
Como comentei anteriormente, não adianta apenas aumentar o tamanho do ralo, precisamos primeiro conter os vazamentos! Choque de gestão e planejamento por quem deveria estar no serviço publico por ser qualificado profissionalmente e não qualificado por seu "companheirismo" político.
Lembrem-se de que o Governo Federal não consegue investir todo o orçamento já a disposição da saúde por falta de projetos e de uma boa gestão dos recursos.

Boa leitura!


Carta à “Presidente” Dilma

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Milton Pires

Excelentíssima Sra. Presidente da República Dilma Rousseff

Permita-me a apresentação: na minha opinião eu sou um médico; na sua um “trabalhador da saúde”. Na minha opinião,medicina é cuidar de pessoas doentes; na sua é fazer “transformação social”. Eu penso em salvar vidas; a senhora em ganhar votos. Como podemos ver, a senhora e eu eu, não temos muito em comum à primeira vista mas existem na minha vida alguns fatos que a senhora desconhece.

Assim como a senhora,eu já fui marxista – e dos fanáticos! Brigava com colegas da faculdade no final dos 80 e inicio dos anos 90 para ver seu projeto de poder realizado. Caminhei ao lado daquele seu amigo que gosta de uma cachacinha e costuma ser fotografado com livros de cabeça para baixo..Conversei pessoalmente com o “poeta do sêmen derramado” que agora governa o Rio Grande do Sul..

Não tinha idéia correta daquilo que havia acontecido no Brasil entre 1964 e 1985. Imaginava, como a senhora quer fazer parecer até hoje, que tudo estava indo bem até que militares malvados que não tinham nada para fazer decidiram, com ajuda dos americanos, derrubar o governo brasileiro.

Eu só me dei conta, presidente, de quem Lula, a senhora e seu Partido-religião representavam quando comecei a trabalhar com a gente de vocês aqui em Porto Alegre a partir de 98. Duvido que eu estivesse mal-preparado, sabe? Eu já tinha feito 6 anos de faculdade, um ano de residência em Pediatria, um de Medicina Interna e dois de Cardiologia. Gostaria que a senhora visse em que lugar seus “cumpanheros” aqui dos pampas me colocaram para trabalhar...Imagino a senhora doente naquelas condições de segurança, higiene, espaço e administração que a ralé do PT do Rio Grande do Sul nos ofereceu.

A senhora tem idéia de como deve se sentir um médico ao ter seu estágio probatório avaliado por técnicos de enfermagem? A senhora sabe o que é receber, depois de tudo que se estudou na vida, ordens de enfermeiras, presidente? Em nome de que? Em nome de um delírio chamado “democratização da gestão”? Em nome de um absurdo chamado “controle social”??

A senhora tem alguma noção de quantas pessoas eu vi morrerem depois que esse seu partido de assassinos e mensaleiros terminaram com o resto da rede hospitalar brasileira “aparelhando” a gestão dela com uma legião de analfabetos, recalcados, alcoólatras e incompetentes que por oferecer uma parte de seu salário ao PT passaram a dar ordens a homens e mulheres com capacidade de salvar vidas ???

Mas por favor, não fique ofendida comigo presidente, de certa forma essa carta é um agradecimento, sabe? Formado há quase 20 anos, eu nunca havia visto os médicos brasileiros tão unidos quanto agora. É mais um mérito seu e desse seu partido a promover a maior humilhação que os médicos de um país sofreram até hoje! A senhora não tem vergonha de apelar para uma ditadura bananeira, para um país que mata, tortura, prende e vigia seus próprios cidadãos para fornecer médicos para o SEU povo? A senhora é brasileira, ou não, presidente Dilma??

Se não tem vergonha da medicina do seu país, tenha pelo menos do seu povo! A senhora nasceu aqui e a primeira pessoa que lhe viu foi provavelmente um médico do Brasil. Provavelmente vai ser algum colega, intensivista como eu sou hoje, quem vai estar ao seu lado no último momento e mesmo assim a senhora quer chamar médicos cubanos para enganar nossa gente pobre e doente a ponto de garantir sua reeleição? 

Quem lhe deu esse conselho, presidente Dilma? Identifique por favor, um por um, os médicos que lhe cercam e sugeriram semelhante ideia! A senhora e eu já conhecemos alguns, né?  Vamos apresentar os demais ao Conselho Federal de Medicina, ou não?

Presidente Dilma, até bandidos e prostitutas se ofendem quando tem seu território e ganha pão ameaçados. Nós somos médicos, nós salvamos vidas e não vamos permitir que uma profissão cuja origem se perde no tempo seja levada ao fundo do poço por um partido como o da senhora com o argumento de que estamos sendo corporativistas e o Brasil está sem médicos.

Deus lhe proteja na batalha que vai enfrentar conosco, presidente. Se a senhora for ferida vai precisar ser atendida por um médico – e eu duvido muito que ele fale português..

Porto Alegre, 2 de julho de 2013

Milton Simon Pires é Médico - CREMERS 20958.