sábado, 13 de julho de 2013

Eu quero muito mais, e você?

Estive estudando tudo que pesquisei sobre política desde o fim dos governos militares. Infelizmente somos obrigados a olhar para trás para entender melhor o que acontece hoje quando não temos domínio sobre algum tema dinâmico como política e sociedade. Porém isso não impede ninguém de possuir espírito critico, ainda mais sobre assuntos notoriamente perniciosos.
Todo o movimento popular recente mostra que esse espírito critico aflorou, e por mais que estejam quase todos em suas casas esperando para ver o que será feito, sabemos que os olhos não estão mais vendados, as bocas não estão caladas e essa força permanece nos teclados (ou nas canetas) daqueles que se dispõe a publicar o que pensam. Vejo colunas e blogs cada vez mais lúcidos, críticos mais ousados e pessoas comentando com mais ênfase suas idéias e decepções.
No meio desta nova onda, muitos radicalizam por não aceitarem mudar de opinião, parece que existe um certo temor, como se fossem mudar de time de coração, um verdadeiro rebuliço entre os colegas e amigos. Mas mudar de opinião na política não deve seguir esse padrão, mudança de opinião geralmente acontece quando descobrimos fatos graves ou constatamos as verdadeiras consequências de políticas que se mostram equivocadas, ou mais grave ainda, eram pura falácia em que acreditava-se com fervor. Assim mudar nosso ponto de vista mostra um melhor nível de consciência. 
Este espírito critico, que estou feliz em ver atuando em muitos, deveria se tornar nosso dia a dia, nosso padrão como sociedade, pois esse é o verdadeiro espírito democrático, a pluralidade de idéias em favor da formação de uma convivência mais equilibrada. Como um 'brainstorming' para aproveitar a força criativa numa campanha publicitária a fim de se chegar numa idéia que se encaixe melhor aos desejos do cliente, o debate, a crítica, o protesto seriam como o mesmo 'brainstorming' para que formemos uma sociedade mais próxima de nós mesmos e não tão distante como ela se encontra agora.
Se chegamos ao ponto de descobrir que temos uma democracia, mas não temos uma república, um país com suas instituições sólidas, e que esteja decentemente cuidando de seus cidadãos, foi muito por culpa nossa, deixamos nossos líderes messiânicos se apropriarem do estado brasileiro, se aproveitaram do silêncio das ruas. Concordo que nada se deve a um fator apenas, temos a contribuição da fraca atuação do nosso judiciário, atravancado e arcaico, do recolhimento dos nossos militares após a ditadura e também do fato de que nossa mídia procura notícias frescas e tem memória curta, quase sempre deixando que escândalos não sejam cobrados até seu fim. O caso do Mensalão foi uma feliz exceção, mas quantos outros estão abandonados? Cito o caso recente do Rosegate e o silencio do chefe da quadrilha a mais de 200 dias. Por muito menos Collor foi eleito o judas de toda a imprensa na época, e agora temos um elemento bem pior para expor e vejo somente uma única revista disposta a persistir na missão de desmascarar esse quadrilheiro. Muito pouco.
Me custa acreditar que todos engolimos tudo o que passamos em matéria de corrupção, desgoverno, falta de caráter, mentiras e muito mais, devido a popularidade messiânica deste mito, que foi criado somente para que tenhamos mais vergonha ainda da nossa própria cegueira, da nossa própria inércia, da nossa própria falta de iniciativa de ir contra a corrente. Fomos míopes demais se acreditamos que somente existia uma única alternativa. Mesmo quem acreditou no início, não percebeu que o discurso que elegeu esta quadrilha foi abandonado e não se cumpriu quase nada a não ser criar renda para os miseráveis? Mas e o resto? E depois disso? E qual o custo disso, não em moeda, mas em destruição das demais instituições deste país, como os serviços de saúde, educação, portos, estradas, florestas, transportes, um congresso escravo, um judiciário paralisado, uma inflação que cresce e todas as mazelas que agora estão expostas.
Mas tudo que agora se percebe que está errado não sai da cartola de nenhum mágico, já estava aí em degradação já faz algum tempo...
Pelo que pude visualizar desde a eleição de Collor, estamos vivendo uma democracia messiânica, pois não temos partidos de verdade, nem ideologias de verdade, somente uma falsa dicotomia entre esquerda e direita para disfarçar um modelo eleitoral baseado em nomes, pessoas em que depositamos nossas esperanças. Devido a este modelo estamos colhendo muitas frustrações, estas apostas são muito arriscadas e salvo alguns benefícios específicos como o fim da inflação com Itamar e Fernando Henrique e a inclusão social paternalista e ineficiente de Lula, não temos projetos de reformas amplas, que melhorem as mazelas de um estado inchado, corrupto e inepto. Estamos sempre dependentes dos conchavos entre executivo e legislativo e esperando que se sobressaia um nome que nos salve deste inferno.
Até quando ficaremos calados, sem exigir muito mais de nossos políticos e se contentar com tão pouco retorno? Quem idolatra líderes medíocres como Lula, acredita numa realidade de que qualquer esmola vinda de Brasília é um tesouro a ser comemorado. Isso é pobreza de espírito e muita, mas muita, falta de espírito critico.
Eu quero muito mais do que nos foi oferecido até agora, e você, o que quer?

Um comentário:

  1. Valeu!!!!

    Voltar para as ruas e exigir renuncia de mensaleiros, ficha limpa já e fim dos benficios e regalias da classe política. Só para começar, depois terá mais, pois a lista é enorme. Abs.

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